Encontro de Almas

"O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser”.
(Mário Quintana)

     Na viagem pela vida, um amor sublime só faz bem. Amor de almas. Não se sabe o dia ou a hora que chegará pela estrada, pois há de chegar sem que esperemos, sem que percebamos. De súbito, numa curva, chega e persegue. Como em um encaixe, possui a medida exata do espaço da sua ausência. Agora ocupa o vazio dantes imperceptível devido à névoa da dúvida e do receio... Trás consigo aquela saudade inexplicável, tristeza sem nexo, aquela vontade sentir o amor recíproco como a via que possui seus dois sentidos...

     Quando as almas se encontram na estrada do amor que tudo passa a fazer sentido. E perguntam-se: Porque não chegastes antes? Onde estavas, ó alma, para vires só agora para mim na contramão da nossa estrada? Porque não caminhastes ao meu lado quando adentrei em sentido único da vida? Deixa que eu te fale do chão que para trás ficou. Tua ausência denuncia o que não pode ser vivido em sua plenitude. Atraso!?. Tristeza...já não há caminhos pra voltar...trajetórias não podem ser corrigidas. O que fazer?

      Refaz-se a rota doravante. Reconhece-se que a plenitude passa a ser o momento infinito do encontro e o frisson causado pela saudade a ser dissipada. Agora a estrada que se segue parece mais macia, mais segura. Parados em um instante naquele planalto aprecia-se a paisagem. Parece até que já passaram por ali.  O desejo impossível é igual a plenitude. Parecem tão simples como num sonho, dois pela estrada de mãos dadas, o pôr-do-sol, noite chegando, a lua, sorrisos, brincadeiras, um viver compartilhado.

Faça-se meia volta agora porque a rota original precisa ser seguida. Mas plenitude agora reside na cumplicidade. Agora vão, seguindo de novo seus caminhos. E neles ficam as marcas...e ainda que nunca possam permanecer, ainda sim estarão. Que bom seria se a estrada fosse infinita e que nas placas sempre estivesse escrito: SEJA BEM VINDO e nunca VOLTE SEMPRE.

    

O inesperável do amor... 

Não pede passagem nem permissão... 

Invade em posse definitiva...

Vem, e que aos poucos cresça! 

Encurte distâncias Mostre-me sentido do existir 

Motive-me a sorrir e dê-me forças para viver...

 

Eros e Psique

Por Fernando Pessoa

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada a fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

A você...

Banhei-me sob a luz da lua
E abandonei meus pensamentos no ar.
Por instantes me imaginei tua
Por instantes me imaginei voar...

Há dentro de mim um olhar sem segredo
Um olhar sem medo, um olhar de desejo...
Tentando esconder a vontade e o querer
De te desvendar...
De te ter
De te amar.

"Aquilo que o coração ama fica eterno"